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   Como diz a sempre alegre cantora brasileira Simone, então é Natal e no intuito de “manter as tradições”, muitos procuram reunir-se com a família e assim comemorarem o final de ano. Eu só gostaria de lembrar que reunir-se com a família no Natal não é uma tradição, mas apenas um meio de provar uma união que muitas vezes não chegou a existir durante o restante do ano. Verdadeiramente não é uma tradição, mais parece uma espécie de “Redenção”, onde visitamos aqueles de quem estivemos distantes por tanto tempo.

 Obviamente não estou aqui criando regras, muito menos generalizando comportamentos, afinal existem tantas famílias verdadeiramente unidas e que no final do ano comemoram o fato de terem estado juntos por mais um ano. Para outras famílias a realidade é bem diferente. É como se o indivíduo esperasse até a hora da morte para só então pedir perdão para salvar-se do inferno. Que pena que seja assim.  É justamente nesta época do ano que muitos choram deprimidos em seus lares sem que recebam uma só visita de um filho ou parente, restando-lhes o conforto dos amigos mais próximos.

  Certa vez fiquei muito feliz em reencontrar uma amiga da minha mãe, pessoa maravilhosa e que me tratava como a um filho. Havíamos passado anos e anos sem contato e ela então convidou-me para ir á sua casa. Lá, entre um cafezinho e outro, fomos conversando e colocando a conversa em dia. Era época do Natal e eu desavisadamente perguntei-lhe se iria viajar, ficar em casa… Percebi seu semblante mudar e ela foi tomada por enorme tristeza. Seus olhos foram tomados pelas lágrimas e eu lhe pedi várias vezes desculpas por tê-la magoado com a pergunta.

   Ela contou-me que ali vivia sozinha, sem ânimo e disposição. Disse-me que sua família não costumava visitá-la e que eu era a única visita que recebera. Abracei-a e procurei mudar de assunto, mas antes propus a ela que passássemos o Natal juntos, afinal ela era como uma mãe e eu não podia deixá-la sozinha. Assim fizemos. Aquele foi o melhor Natal de nossas vidas. Nela senti a presença de mamãe que havia falecido quando eu tinha 19 anos. Visitei-a vários e vários anos, até que ela veio a falecer vítima de uma séria enfermidade.

    Desde que nascemos temos uma família, mas a medida em que vamos crescendo nos distanciamos cada vez mais dos nossos pais, dos filhos, dos parentes afim de cuidarmos dos nossos próprios interesses. Não chega a ser um afastamento físico, em muitos casos divide-se o mesmo teto sem que se esteja realmente junto com a família, mas durante o Natal buscamos a redenção de uma aproximação. A verdadeira tradição  consistia em toda família estar reunida não só nos finais de ano, mas em todo ele, principalmente em finais de semana. Hoje, ao que parece, muitos estão ocupados demais para a preocupação com seus familiares.

   Que neste Natal resgatemos a tradição verdadeira de comemorarmos com os nossos, mas não apenas no Natal, em datas comemorativas ou festas, mas em todo tempo. Visitar familiares e parentes no Natal não é tradição, mas pedido de desculpas. Que me perdoem aqueles que possuem este hábito, mas bom seria se este fosse tornado uma prática diária, invés de um bom motivo para comer panetones. 

   Texto do Escritor e Autor Tony Casanova. Todos os Direitos estão Reservados ao Autor assegurados pelas Leis Brasileiras e Internacionais de Proteção aos Direitos de Propriedade Intelectual.
   Tony Casanova é Autor das obras: Panorama Das Artes, O amor segundo a Bíblia, No Litoral das Relações – Aprendendo com os Erros, Relações Instáveis – Como Evitar Decepções e O Amor Fala Francês. Você poderá adquirir uma ou mais obras do autor acessando ESTE LINK